FMS de Teresina alerta para algumas sequelas do novo coronavírus

Um dos problemas é o possível comprometimento da musculatura do coração, o que pode levar ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca
04 de setembro de 2020, às 11:33 | Cobertura Coronavírus

Compartilhe:

A COVID-19 é uma doença nova, e por isso o tempo de recuperação e suas sequelas são informações que ainda estão sendo estudadas. Alguns pacientes podem manifestar sintomas persistentes mesmo após a infecção inicial pelo novo coronavírus. A Fundação Municipal de Saúde (FMS) faz um alerta para o problema, que pode trazer consequências a curto, médio e longo prazos.

Este problema, chamado de síndrome pós-covid, pode se manifestar de diversas formas e trazer limitações às atividades cotidianas. O infectologista do Centro de Operações em Emergências (COE) da FMS, Carlos Gilvan Nunes, listou os sinais mais comuns. 

“Um dos mais presentes seria o esgotamento físico, que chamamos de astenia, associado a outros sintomas como dores musculares e uma tosse prolongada”, diz.

O pulmão, alvo preferencial do novo coronavírus, tende a demorar mais para se recuperar. A inflamação pode persistir por semanas após a cura da doença, comprometendo o funcionamento do órgão. 

“Muitos pacientes têm mostrado que a funcionalidade pulmonar passou a ser modificada após o evento inicial da COVID-19, e alguns relatos de casos mostram até mesmo fibrose pulmonar, que seriam cicatrizes que podem se tornar irreversíveis”, conta Carlos Gilvan Nunes.

A existência de comorbidades respiratórias prévias podem agravar o quadro. 

“Este é um fator que não apenas é impactante para uma piora clínica como também para a persistência de sequelas respiratórias. A COVID-19 é uma doença que diminui o volume do pulmão e dificulta sua expansão. A fibrose causada pela doença dificulta o intercâmbio entre o ar e o sangue, essencial para que ocorram trocas gasosas. Então por isso muitas vezes esses pacientes vão precisar de oxigênio por muito tempo, e posteriormente vão precisar de terapias de expansão pulmonar, para melhorar essa troca e a capacidade respiratória”, explica ele.

A servidora pública Lídia Dias teve COVID-19 e  relata que, mesmo após três meses de alta da sua internação, ainda sente sintomas como falta de ar. 

"Os médicos que me acompanham explicaram que a infecção pelo coronavírus acabou, mas a inflamação no pulmão ainda não, e que vai demorar ainda alguns meses para me recuperar totalmente", disse.

Ela conta que faz uso de medicação e também acompanhamento médico com um pneumologista.

Outra sequela da doença é o possível comprometimento da musculatura do coração, o que pode levar ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca. Além disso, o paciente pode vir a desenvolver alterações emocionais. 

“Isso porque o estado ansioso está muito presente, trazido pela preocupação com o futuro que ainda é incerto em relação às consequências da Covid”, alerta Gilvan Nunes.

Além disso, há a perda de paladar e olfato – chamada anosmia – relatada por diversos pacientes. Estudos indicam que isso acontece porque o novo coronavírus encaixa-se em receptores nasais e gera inflamação que culmina na perda temporário do sentido.

Diversas abordagens estão sendo estudadas para esses pacientes, que requerem um tratamento multidisciplinar devido à heterogeneidade em suas manifestações clínicas. 

“São pacientes que inspiram cuidados e que precisam fazer acompanhamento periódico com especialistas. As técnicas são prescritas de acordo com a especificidade de cada paciente. Do ponto de vista respiratório por exemplo, alguns vão ter força muscular para fazer padrões que dependem menos do uso de equipamentos, outros não. Por isso, é importante que sejas feitas avaliações individuais para o acompanhamento após a doença”, pontua Saulo Carvalho.

CLIQUE AQUI E ACOMPANHE TODA A COBERTURA SOBRE O NOVO CORONAVÍRUS NO PIAUÍ

Veja Também

Deixe seu comentário: